Saber que é preciso planejar é o primeiro passo, mas a execução prática exige método para organizar os números de uma safra inteira.

Esquecer custos "invisíveis" ou subestimar despesas pode corroer a margem esperada sem que o produtor perceba a tempo.

A aplicação de uma estrutura lógica no dia a dia, seja em planilhas ou sistemas, garante que a tomada de decisão seja baseada em dados reais e não apenas na intuição.

1. Definindo as Receitas Operacionais

O cálculo começa pela estimativa do que vai entrar. Para isso, você precisa de três dados fundamentais: área cultivada, expectativa de produtividade e preço de venda esperado. A fórmula básica é simples:

• Área (ha) x Produtividade (sacas @ cabeça /ha) x Preço (R$/saca @ cabeça) = Receita Bruta.

É vital ser realista nestes números. Use médias históricas da sua propriedade ou dados regionais confiáveis, como os do IMEA, para não inflar a expectativa de receita.

2. Estruturando os Custos Totais

O erro mais comum é considerar apenas o custeio como custo. Para um planejamento eficiente, divida seus custos em três grandes grupos:

• Custeio: É o investimento direto na lavoura ou criação. Inclui sementes, fertilizantes e defensivos, nutrição, aquisição de animais etc. Geralmente representa a maior fatia do orçamento.

  
  

• Custo Operacional: Gastos para fazer a operação rodar. Envolve combustíveis, manutenção de máquinas, mão de obra, lubrificantes e pós-colheita, custos com abate etc.

  
  

• Despesas Operacionais: Custos indiretos e administrativos. Aqui entram impostos, pró-labore, energia elétrica, contador e despesas de escritório.

3. Calculando o Lucro Operacional

Com as receitas e custos definidos, você chega ao indicador mais importante. Subtraia os Custos Totais da Receita Total para encontrar o Lucro Operacional. Esse número mostra a saúde real daquela safra específica.

Analise o resultado em percentual. Um lucro operacional acima de 25% é bom e sinaliza oportunidade para travar custos e vendas. Já um lucro abaixo de 10% exige revisão imediata de gastos ou estratégias de venda mais agressivas.

4. O Ponto de Equilíbrio

Esta é a informação que blinda sua comercialização. Com os dados em mãos, você deve calcular:

• Preço mínimo de venda: Por quanto preciso vender a saca para pagar todos os custos?

• Produtividade mínima: Quantas sacas @ cabeça por hectare preciso produzir para empatar as contas?.

Esses indicadores tiram a emoção da venda. Se o mercado oferecer um preço acima do seu preço mínimo garantindo uma boa margem, é hora de fechar negócio, independentemente de especulações de alta futura.

Próximos passos na gestão

Fazer esse levantamento manualmente exige tempo e atenção aos detalhes. Erros de cálculo ou esquecimento de despesas podem comprometer sua visão real do negócio. Existe formas de automatizar e simular esses cenários em minutos para tomar decisões mais rápidas.

Leia também:

Dúvidas frequentes

O que fazer se o lucro planejado for negativo?

Você deve revisar os custos imediatamente, cotar insumos mais baratos ou até mudar a cultura planejada para aquela área.

Devo incluir depreciação de máquinas?

Não, a depreciação entra após o lucro Operacional, e deve ser analisada em um seguindo momento.

Como lidar com a variação do dólar?

Faça o planejamento considerando uma taxa de câmbio média ou a cotação do dia, e monitore as variações para travar custos em momentos oportunos.